Conheça como funciona o Projeto Tamar

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O projeto já tem mais de 40 anos e conseguiu proteger 40 milhões de tartarugas, sendo uma iniciativa fundamental para a conservação da vida marinha.

Em dezembro de 2019, o Projeto Tamar completou 40 anos e divulgou que, durante o período, conseguiu proteger 40 milhões de tartarugas. As atividades realizadas pela iniciativa visam promover a conservação das cinco espécies de tartarugas marinhas que frequentam a costa brasileira.

O Projeto Tamar foi pioneiro nesse campo de atuação e, hoje, é reconhecido não apenas como o melhor do Brasil, mas também é uma referência internacional para outras iniciativas de conservação marinha.

O Tamar está presente em diversos locais da costa brasileira, mas existem centros de visitantes onde os turistas podem conhecer melhor o projeto. Eles estão nas seguintes cidades: Fernando de Noronha (PE), Oceanário de Aracaju (SE), Praia do Forte (BA), Arembepe (BA), Vitória (ES), Ubatuba (SP), Florianópolis (SC)

História do Projeto Tamar

Em 1980, um grupo de estudantes de Oceanografia da Universidade Federal do Rio Grande (Furg) realizou uma série de expedições em ilhas e arquipélagos da costa brasileira. Durante esse período, eles presenciaram inúmeros pescadores abatendo tartarugas e recolhendo os ovos para consumo das comunidades locais.

A situação revelou a presença das tartarugas no litoral, fato pouco conhecido pelos pesquisadores daquela época. Nesse momento, ficou evidente a necessidade de uma iniciativa para compreender melhor o cenário brasileiro. 

Países como Estados Unidos, Austrália e Costa Rica já tinham projetos próprios. Com a nova descoberta, o Brasil também criou o seu. Primeiro, os estudantes foram convidados a realizar um mapeamento das espécies no litoral brasileiro. Depois, os avanços científicos aconteceram aos poucos, com a continuidade das pesquisas e dos mapeamentos.

Qual é a importância do projeto?

O mapeamento revelou que cinco  espécies de tartarugas frequentam a costa brasileira, sendo elas: tartaruga-cabeçuda, tartaruga-verde, tartaruga-oliva, tartaruga-de-couro e tartaruga-de-pente. Além disso, os locais de desova acontecem em diferentes partes do litoral, desde o Sul até o Nordeste.

As pesquisas também mostraram que o ciclo biológico das tartarugas estava sendo interrompido, porque, ao chegar nas praias, elas eram mortas e tinham os seus ovos coletados. Além desse fato, ainda haviam os animais capturados pela pesca, algo que acontece até hoje.

Nesse sentido, é importante ressaltar que as tartarugas marinhas possuem um ciclo de vida longo e complexo. Em muitos casos, elas se alimentam em um país e desovam em outro, por exemplo. A maturação sexual é tardia e acontece aos 25 anos, enquanto a fase adulta ocorre somente aos 30 anos.

Os estudos também revelaram que as espécies que frequentam a costa brasileira visitam as costas americanas e africanas, o que exige uma ação internacional conjunta para garantir a preservação. 

Sabendo desses fatos, é possível entender a urgência de promover a preservação da espécie e a recuperação do ciclo interrompido, diminuindo as taxas de mortalidade. Afinal, só é possível observar a efetividade desses esforços a longo prazo, devido ao tempo de maturação sexual das espécies e o ciclo de vida.

Quais são os objetivos do projeto?

O Projeto Tamar promove a conservação marinha. Entretanto, esse é um esforço conjunto entre pesquisadores e comunidades locais. Por isso, o Tamar busca manter uma relação próxima entre os moradores e os pesquisadores, promovendo educação ambiental.

Inicialmente, a principal missão do projeto foi a restauração do ciclo interrompido. Para isso, os pesquisadores passaram a proteger os locais de desova, além de promover a recuperação das populações das espécies que frequentam o litoral brasileiro.

As áreas de reprodução são monitoradas pela iniciativa. Durante os meses de setembro a março, esses locais recebem patrulha noturna. Assim, é possível flagrar o momento de desova e observar os animais mais de perto, aumentando o nível de compreensão sobre seus hábitos.

Posteriormente, os ninhos também recebem patrulhas para garantir a sobrevivência dos ovos. Aqueles que correm perigo são transferidos para um local mais seguro. Os pesquisadores contam a quantidade de ninhos e ovos, além de fazerem a biometria e a marcação das fêmeas.

A marcação consiste em um anel de metal colocado nas nadadeiras. Desse modo, os pesquisadores conseguem estudar o deslocamento e os hábitos comportamentais, coletando dados relacionados ao crescimento e à taxa de sobrevivência.

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